Na minha rua há restos de vidas
Restos de famílias, de mães desaparecidas,
e outras a que deram vidas às vidas que por ali param,
vindas de passagem e de passagem lá ficaram.
Na minha rua há restos de cartazes,
restos de eleições de Sim! ao aborto e outras frases
que eu não votei mas fiz pressão para que outro alguém votasse
minha consciência passa a vida num impasse.
Na minha rua há restos de mim por todo o lado,
espalhados pelo tempo e pelo espaço.
Na minha rua há pedaços de mim por toda a parte,
rasgados e atirados pelo ar!
Na minha rua há restos de namoros
de beijos e de abraços de zangas e desaforos
e eu não tive ninguém que se designá-se a odiar-me,
do meu mau feitio de preguiça, humor e charme.
Na minha rua há restos de noites
restos de garrafas bebedeiras e açoites,
gemidos disfarçados pela euforia dos turistas
a porta de boates estão baratas como ariscas
espalhados pelo tempo e pelo espaço.
Na minha rua há pedaços de mim por toda a parte,
rasgados e atirados pelo ar!
Mais uma banda que não veio nem virá à Fnac "da minha rua"...
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